quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Bebendo sartrianamente



''Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém'' Paulo de Tarso

Nada ponderadas, as opiniões sempre insistem em se dispor diametralmente opostas. É assim que, se de um lado, há os que advogam contra o consumo de bebidas de nossa parte, estudantes de medicina; de outro, há os que, também de nossa parte, brindam a libertinagem sem qualquer consciência de responsabilização. Dos primeiros, sempre ouvi que semelhante comportamento etilista não é coisa de futuros médicos; assim como, dos segundos, sempre ouvi que, se tanto não bebessem, não se aproveitaria a vida universitária. Ora, como se não existisse por debaixo do jaleco um homem tão dionísico como são todos os outros, e como não se cobrasse a responsabilidade num sofrimento alheio, ambos pecam pelos seus excessos. Pois que a bebida, como todo objeto inanimado,realmente nada tem de má em si. Em torno dela reúnem-se os amigos, fluem as conversas, relacionam-se os amantes. Através dela podemos enfim purgar nosso estresse, que é grande, aliás. Mas, antes que tomem isso por uma apologia disfarçada ao álcool, quero dizer que não milito para nenhum desses dois partidos. Absolutamente, não comungo da ideia de endeusamento médico que subjaz no argumento de que nossa classe deva se privar dos prazeres humanos, muito menos acho que me chafurdar na sarjeta, depois de um porre, seja prazeroso. Ao contrário, em uníssono com existencialismo sartriano, digo que a ´´liberdade não é fazer o que se quer, mas querer o que se faz´´. Façamos, pois nossos festejos, com todo o direito de desfrutar que temos, mas os façamos com a certeza de que a vida que escolhemos demanda responsabilidades com as quais queremos, por nós mesmos, arcar.