Quem
muito anda pela Avenida Alfredo Balena, na área hospitalar de Belo Horizonte,
não pode deixar de notar certa brancura nas ruas. Não pela limpeza do local,
obviamente. Longe disso, sabemos que o centro belorizontino é uma poluição só.
Mas a tal brancura está, isso sim, na vestimenta das pessoas, que estranhamente
andam todas de branco. E não simplesmente branco, a exemplo de camisetas e
blusas brancas, como seria de se esperar nesse tempo de calor tão causticante.
Não, para tanto semelhante roupagem - hipotetizo eu - teria pouca área
refletiva, afinal não tem manga nem se estende aos joelhos. Assim é que a moda
na Av. Alfredo Balena são nada menos que os jalecos, os quais compreensivamente
atendem aos supostos requisitos de reflexão: têm manga e se estendem aos
joelhos. Além do mais, pense só, são utensílios muito versáteis, pois que podem
servir de capa em situações de chuva. E – ah! - também eles podem se
transformar em perfeitos lenços babadores, ideais para se proteger dos típicos
espirros de sugos macarronences durante o almoço. Entrentato, tantos atributos
por si só - hipotetizo novamente - não justificariam todo esse moby ariel,
afinal também existem, como se deve ser, roupas frescas para o calor, capa de
chuva para a chuva, e lenços babadores para almoço. Pois bem, deve existir
então coisa a mais que justifique essa estranha situação. E, pensando no
universo da moda, que algo a mais seria esse senão a vaidade...vaidade essa que, convenhamos, não
está em preservar a autoimagem do ridículo.